Artigos
Artigos anteriores
A ressureição
da superstição
por Petrucio
Chalegre, Diretor-Presidente
"O
imperador Adriano, seguindo os costumes da época, pedia a seus adivinhos
que sacrificassem animais e lessem em suas vísceras as predições do futuro
que se avizinhava. Durante muito tempo cometas cortando os céus foram
prenúncios de desgraças. O futuro já foi lido em folhas de chá caprichosamente
dispostas no fundo de xícaras, frases enigmáticas ditas por sacerdotisas
intoxicadas por fumaça vulcânica, alterações na disposição dos astros
tal como vistos da terra, linhas da mão e qualquer coisa que parecesse
suficientemente caótica para sugerir a presença de mensagens ocultas.
Felizmente para a
humanidade o método de perguntar, formular hipóteses e testa-las, após
uma tentativa no período grego, tornou-se vitorioso aos poucos após o
renascimento. O iluminismo levou-o tão longe que a revolução francesa
chegou a erguer uma estátua a deusa razão corporificando uma derrota definitiva
das superstições, exageros revolucionários...
Aqui estamos nós em um mundo em que a ciência, para os efeitos de nossa
vida prática, triunfou. Não sonhamos com varas de condão, usamos controles
remotos. Não fazemos perguntas a bolas de cristal, olhamos telas de computador.
Não ambicionamos tapetes voadores, embarcamos em jatos. Para onde quer
que se olhe, tudo que alcançamos de sólido foi obtido pelo uso do método
científico, a magia fracassou miseravelmente em fornecer à humanidade
as informações e o poder de realizar.
A administração de empresas e países também é objeto de aplicação da ciência.
Exige-se método, matemática, psicologia, cada vez mais vasto conhecimento
do mundo e habilidades mentais. Ora por que é preciso afirmar isto ? Porque,
perdidos em processos que não conseguem entender com o uso da inteligência,
numerosos dirigentes políticos e empresariais sentem-se atraídos pelos
processos bárbaros dos adivinhos. Contratam-se pajés para fazer chover,
numerólogos para decidir sobre nomes, astrólogos para selecionar pessoas,
adivinhos para decidir sobre a sede de um partido político.
Terrível perspectiva a de ver os destinos de empresas e países penderem
das mãos dos que crêem que os métodos pré-diluvianos tem mais sentido
que a pesquisa e o raciocínio. Políticos que decidem com base em superstições,
administradores que tomam resoluções chamando cartomantes, não são mais
confiáveis que aprendizes de feiticeiro, com a agravante de poderem lançar
mão dos destinos de muitos guiados pelo mero acaso."
Voltar
|