Capital especulativo, um vilão?
por Petrucio
Chalegre, Diretor-Presidente
"Dizem,
( "dizem", é uma entidade de altíssima credibilidade,
experimente contraditar seus ditames, alguém virá com um
"dizem" que considera irretorquível) que o capital especulativo
nada produz. Vejamos como funciona seu mecanismo. Você entra em
uma loja e compra algo a crédito. Uma financiadora permite isto.
De onde saiu seu capital? Do depósito de alguém que está
tentando ganhar remuneração para sua aplicação.
Você telefona. Apenas em 2000, 36 bilhões de dólares
foram investidos no Brasil em telefonia. De que arca saiu este dinheiro
todo? Das especulações mundiais, do capital que percorre
o mundo em busca do melhor lugar onde crescer.
Existiriam estes investimentos sem as bolsas? Sem o desejo dos investidores?
Não. Simplesmente você teria que pagar à vista suas
compras, o que reduziria enormemente a capacidade de consumo e logicamente
os empregos em todos os setores, causando uma redução em
cascata de toda a atividade econômica e da riqueza em geral.
No entanto críticas fortes tem surgido ao capital especulativo.
Baseiam-se em duas coisas, a primeira uma falácia: que ele não
produz nem um prego. Esta é pura ignorância econômica.
Os parágrafos acima demonstram com clareza que a possibilidade
de investir, de especular, é um motor poderoso do progresso. Permite
a alocação de recursos aonde forem providas as condições
de segurança, rentabilidade e liquidez. Razão pela qual
os que assustam os investidores os perderão facilmente. Motivo
de pobreza nos países que não compreendem as regras deste
jogo.
A segunda tem fundamento. A instabilidade. A eletrônica moderna
criou uma tal velocidade nas transações que os desejos e
comportamento de rebanho dos investidores tornaram-se praticamente instantâneos.
Isto magnifica qualquer movimento do mercado. Um boato pode levar a uma
reação em cadeia imprevisível. Assim a instabilidade
aumenta. No entanto criar entraves a liquidez dos investimentos tentando
freiar seus movimentos é mexer com um dos três citados pilares
que gerem os investimentos. Se você colocar seu dinheiro em algum
lugar, quer vê-lo seguro, rentável e líquido, quer
poder retira-lo quando quiser. Desta forma a maneira de manter os investimentos
em um país é não deixar haver dúvidas sobre
estes quesitos. Para impedir a volubilidade, clareza e fundamentos corretos.
Fica claro então, que o capital especulativo é nada mais
que essencial para a administração dos investimentos. É
o nosso próprio capital poupado e que viabiliza as aposentadorias.
Chama-lo de improdutivo é apenas mais uma manifestação
da fraqueza dos neurônios da corporação opinativa
"dizem"."
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