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Regressão à média.
por Petrucio Chalegre, Diretor-Presidente

Durante muito tempo acreditou-se que uma seleção acurada teria o condão de alterar os resultados finais da natureza. Um rei espartano foi destituído por insistir em casar com uma mulher de baixa estatura; ia fazer com que Esparta tivesse uma dinastia de baixinhos. Aquela época o pequeno caporal de 1,58 m ainda não tinha sido imperador dos franceses e o maior general de seu tempo. Na verdade o gênio corso jamais entraria nas nossas academias militares modernas por falta de estatura, talvez acabasse economista, o que lhe daria um poder de destruição maior do que suas divisões de artilharia. Infelizmente para os adeptos da eugenia, a natureza recusa-se a apoiar os seus desígnios.

No final do século XIX Galton fez uma experiência com ervilhas de cheiro que explicou muita coisa. Distribuiu ervilhas selecionadas por diferentes tamanhos a amigos na Inglaterra. Pediu a cada um de seus amigos cientistas que plantasse as leguminosas e medisse os resultados. Seria de presumir que as ervilhas maiores tivessem descendência com os mesmos diâmetros e as menores tendessem a manter as reduções. Nada disto sucedeu, os grãos filhos das maiores foram menores que os de seus ascendentes e os das pequenas maiores que os de sua origem.

Conclui-se que a natureza tem uma forte tendência de retorno as médias, é por esta razão que os pais gênios não tem assegurada sua prole como genial. Pelo mesmo motivo a população vai se distribuindo estatísticamente em inteligência, em estatura, habilidades, de forma uniforme ao longo da curva de distribuição de eventos. A curva em forma de sino, sempre presente para demonstrar que as excepcionalidades positivas e negativas são raridades probabilísticas em confronto com a maioria absoluta de resultados médios.

A administração de empresas confronta-se vezes sem conta com a dificuldade de escapar à tendência inexorável dos resultados médios. Para vencer a competição o que se demanda é a excepcionalidade. Medíocres tendem a ser todos já que a média é a regra. O desempenho tem que ser continuamente melhorado se o objetivo for estar a frente dos outros e ganhar em produtividade ou qualquer parâmetro que possa conduzir a sobrevivência.

Estavam errados os espartanos, os filhos do rei tenderiam à média de altura. A exceção do líder genial está no extremo da curva. O segredo para localizar-se na excelência é contratar pessoas detentoras de capacidade acima da média, mas esperar que grandes líderes empresariais tenham filhos que herdem seu brilhantismo é esperar que a lei das regressões à média não funcione.

É desejar que a lei das probabilidades estatísticas seja revogada e a matemática esquecida. Pelo mesmo motivo as flutuações da economia que tanto espantam no curto prazo, quando olhadas a longo prazo, tendem a médias impressionantemente coerentes, motivo pelo qual devemos olhar com grande cautela as exceções que se destacam do grupo principal de eventos, ou seja, não atentemos para os imperadores como se fossem capazes de se perpetuar.

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