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Não sabem do que falam
por Petrucio Chalegre, Diretor-Presidente

"Todo santo dia vemos gente acusando dos males do mundo uma tal doutrina "neo-liberal". Cheguei a conclusão de que não sabem o que é direita nem esquerda, e sem dúvida que raios seria liberalismo. Primeiro é preciso perguntar o que caracterizaria a direita, uma fábrica de horrores que sempre nos espanta com sua frieza calculada.

A direita, por definição, crê que uma elite tem as soluções e sabe como implementa-las para o bem do povo. Sua face mais evidente é a idéia de autoritarismo. Sabem mais, pensam eles, e o povo não pode compreender o que é melhor para si. Estabelecem seus programas e tratam de executa-los. Em nosso século o exemplo mais falado é o do nazismo. Nenhum método de eliminação de oponentes é descartado. Aparências de democracia até podem existir, mas como mero apaziguador, ou para constar para a opinião externa. Não tem medo de serem estatizantes, como foram no Brasil os governos militares, afinal "eles" sabem o que é melhor para o país. Concentrar poderes e meios nas mãos do estado é bom para aumentar a força de seu grupo. Vez por outra produzem sucessos econômicos como no Chile e Coréia do Sul, mas também estagnações de décadas tal como sucedeu em Portugal e Espanha.

A esquerda também tem as soluções, mágicas fórmulas que a massa não pode entender claramente. Porém a palavra que os define é o totalitarismo. Trata-se de autoridade concentrada em um grupo sim, mas este se vê como expressão da vontade coletiva, por isso representantes "totais". Neste caso, já que tem uma teoria para governar perfeitamente não precisam de disfarces democráticos. Eles detém a verdade, se alguns não aceitam, para o bem coletivo urge elimina-los. A história da esquerda em nosso século compete em horror com a da direita. Matar milhões é decisão de gabinete, o futuro a tudo justifica, prisões políticas, "paredon", extermínios. Para agravar o quadro seus insucessos econômicos são um padrão, arrastaram países inteiros para uma miséria igualitária, não há exceções do leste europeu a Cuba e Coréia do Norte.

Liberalismo, a palavra bem indica, é crença nas virtudes da liberdade. Liberdade individual, portanto democracia multipartidária, nada de partido dominante à força como na direita, nem partido único como na esquerda. Livre iniciativa e propriedade privada, direita e esquerda acreditam em empresas estatais, ao contrário do liberalismo, não é de estranhar que nossos militares as tenham criado às centenas e que a esquerda lute pela sua permanência, os dois extremos adotam este modelo.

Na política o liberalismo prega a democracia, o pluripartidarismo, põe fé que as discussões livres conduzirão aos melhores caminhos. Acredita em multiplicidade de correntes, em alternância de poder. Pensa que o estado deve proteger, tentar auxiliar o equilíbrio de chances, mas se horroriza com a intervenção onisciente dos que crêem saber tudo, apanágio do pensamento tanto da direita quanto da esquerda. Crê que com paz e oportunidade, com menos estado, os povos enriquecem, a injustiça diminui, os fatos estão ao seu lado, basta abrir os olhos em frente ao mapa mundi.

Quanto ao termo "neo" aplicado ao liberalismo é apenas um truque de propaganda, não existem "neo" esquerda nem direita, tampouco liberalismo, são os mesmos conceitos há muito. Somente os governos liberais foram realmente bem sucedidos à longo prazo, ditadores de direita e esquerda sempre conduziram seus povos ao desastre e isto não tem mais espaço para discussão hoje. Basta perguntar quais países são o sonho dos imigrantes, todos fogem dos totalitários e autoritários e escolhem os lugares onde impera a liberdade."

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