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Até onde caem os preços na nova economia?
por Petrucio Chalegre, Presidente da Chalegre Consultoria

"Os preços dos alimentos caíram 57% nos últimos 20 anos. Novas técnicas de cultivo, melhor genética, mais mecanização, levaram a este enorme aumento de produtividade. A competição global fez o resto. Agora chegou a vez da comercialização. O fenômeno é interessante.
Quinze anos atrás eu era diretor comercial de uma empresa exportadora. A diferença de preço entre a porta da fábrica e o valor cobrado do consumidor era de quatro vezes. Um sapato brasileiro de 50 dólares era vendido ao consumidor por 200 dólares em Nova Iorque. Isto ocorria porque o preço era dobrado pelo distribuidor/importador e novamente dobrado pelo comerciante. Imagine-se agora uma importação direta pelo lojista via rede. O preço poderia ser reduzido pela metade, mas será que isto pode ocorrer assim mesmo?
O que nos interessa considerar é se a tentativa dos fabricantes de contornar a intermediação tem condições de ser bem sucedida. A resposta é: apenas parcialmente. A Dell pode vender seus computadores diretamente e via Internet para seus consumidores, assim também os automóveis novos poderão ser comercializados de forma aparentemente direta. Porém o cliente não compra um produto despido de agregados. Ele compra junto com o bem uma série de conveniências e garantias.
Desta forma os acontecimentos parecem tomar a seguinte direção: sim, os preços tendem a cair até um patamar mais baixo do que antes, porque parte do serviço de vendas tornou-se mais barato ao ser efetuado de forma eletrônica. Os serviços de telemarketing já haviam criado uma queda de preços semelhante, em comparação com as visitas pessoais de vendedores.
Porém o que sucede é que a intermediação deixa de existir sobre a forma de desencadeadora do processo de vendas para se transformar em fornecedora de agregados. Em lugar de promover a venda o que se necessita agora é dar ao consumidor o acesso a assistência técnica, reposição de peças, serviços vários, pessoalidade e sorrisos. Você ainda pode pedir seu carro via, rede mas precisa de quem o emplaque, revise, conserte e o receba de volta na próxima troca, encarregando-se de comercializá-lo, mesmo que via internet.
O lojista ainda precisa de quem garanta e acompanhe embarques, providencie seguros e opere em escala suficiente para fazer isto a custo razoável. Se ele fizer uma pequena importação estes processos encarecerão a transação ao ponto de torná-la inviável. Aí está um dos bons motivos para o esforço de fusões, uma cadeia de lojas consegue viabilizar um procedimento mais barato porque tem escala. Seus volumes viabilizam uma distribuição de custos.
Quem ganha afinal com esta globalização e corrida de redução de custos? Os consumidores naturalmente. E até onde pode ir esta queda? Apenas até o patamar que engloba uma redução dos custos de venda contra a permanência do fornecimento de agregados demandados pelos clientes. Ou seja, os atuais intermediários precisam se transformar em prestadores de serviço, pois deles o mercado continua precisando. Com uma agravante: a cobrança por melhor atendimento está subindo celeremente, é aí que se localiza a próxima área de competição. Melhores e mais perfeitos serviços."

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