Produção
para Internet: a difícil escolha entre o amador e o profissional
por Valéria Chalegre, consultora da Chalegre Consultoria.
Quando as verbas são pequenas e os sonhos grandes, é preciso dar asas à imaginação e pensar o que é indispensável e o que podemos cortar. Este provavelmente é um dos dilemas mais comuns para os empreendedores da Nova Economia (Puxa! E não será também o maior dilema dos empreendedores da Velha Economia? Parece que nem tanta coisa mudou, não é mesmo?). Sem dúvida que, em se tratando de Internet, a coisa fica ainda mais grave, visto que não existe ainda um padrão considerado certo ou errado, apenas teorias ainda não suficientemente experimentadas (portanto são hipóteses, ainda sem antíteses e sínteses...), e, portanto, fica ainda mais difícil avaliar se é melhor contratar um profissional ou um usuário avançado com boa redação para produzir conteúdo para o seu website.
Em primeiro lugar, cabe ressaltar a importância do conteúdo para um website. É ele que vai atrair e fidelizar o usuário. É ele que vai manter a atenção e segurar o nosso visitante, provocando-o a visitar as páginas seguintes. É exatamente este conteúdo que podemos chamar de "alma" do nosso projeto. Bom, digamos que o conteúdo é, portanto, área de prioridade, na qual, se não podemos investir pesado, precisamos, no mínimo, prestar TODA a atenção.
Por outro lado, temos a produção da campanha publicitária do nosso website. Tema constante das listas de discussão, a publicidade é aquela que apresenta, ao usuário, a existência de um conteúdo de qualidade. Sem esta introdução, este convite, este chamado, nosso conteúdo sequer se torna conhecido: é como se ficasse na gaveta, mesmo que uma gaveta virtual. É fácil deduzir, portanto, que a publicidade é outra chave de sucesso.
Vamos analisar abaixo as qualificações dos dois profissionais chave para a produção de um website vitorioso.
Publicitário
Como uma faculdade de 4 ou 5 anos implica no estudo de dezenas de disciplinas
extremamente úteis para a produção de comunicação
publicitária, seja qual for o veículo, a produção
de campanhas publicitárias tende a ter mais chances de sucesso
se produzida por um profissional da área. A formação
de um publicitário inclui cadeiras como teoria da comunicação,
semiótica, estatística, história, sociologia, antropologia,
psicologia do consumo, redação publicitária para
TV, Rádio, Jornal, Revista, Cinema. Entre as mais técnicas,
equilíbrio, uso de cores, produção, roteiro, edição,
etc. Um tanto mais de experiência no meio publicitário já
dá a esses profissionais gabarito suficiente para executarem trabalhos
com muito mais chance de serem vitoriosos do que os feitos por amadores,
por mais conhecimento técnico de software que possam ter.
Via de regra, os publicitários não precisariam se ater, eles próprios, a executarem, no computador, htmls longuíssimos e ilustrações no corel draw. Assim como quando dirigem um comercial para TV, não se fixam no trabalho de ser câmeras eles mesmos, ou de editarem pessoalmente os filmes. Seu papel é ficar atrás da mesa de edição, atrás do câmera... Sua função é pensar no público (target), na estratégia, na unidade visual e de comunicação (boas campanhas tem um fio condutor que permite sua identificação em qualquer mídia, e estão também conectadas à linha mestre de comunicação da empresa).
Eles estão atentos à melhor solução custo-benefício para o cliente e conhecem os recursos disponíveis no mercado. Devem estar atentos à concorrência das empresas para as quais trabalham, aos objetivos da campanha publicitária como um todo (é uma campanha institucional para gravar a marca do produto na cabeça do consumidor? é uma campanha de ofertas? qual a mensagem que o cliente quer que fique para o seu público? etc).
Ele deve pensar globalmente. Por isso, dentro de uma agência, há o cara que faz só produção, outro que faz só atendimento, outro que é da criação.... e outros, lá embaixo na hierarquia, que depois de tudo resolvido, vão executar as peças publicitárias. Entre elas, a página na Internet.
Estes são alguns elementos a mais, a serem considerados, antes de descartar a presença de um bom profissional publicitário na produção da campanha de um web site. Para a produção de um website, torna-se clara a opção de, no mínimo, contratar um profissional de comunicação.
Em tempo: nada impede que, por uma questão de custos, e por se ter objetivos mais modestos, se contrate um webdesigner netmaníaco de 18 anos que fez um curso de html de 3 semanas e que domine bem o Photoshop. Se ele for um cara criativo e de bom senso, com bastante experiência na Internet, pode até ser que faça um bom trabalho - em algumas raríssimas exceções, estes meninos tornaram-se milionários. Mas são raros. E a Internet passa agora para outra fase, não mais de aventura, onde o lucro não interessa, mas de profissionalismo. A Internet já virou briga de gente grande.
Na verdade, com pouquíssima
verba é possível, ainda assim, obter-se bons resultados
de uma campanha publicitária e de marketing. Com o preço
de um bom salário por mês, consegue-se, por exemplo, fazer
uma ótima assessoria de imprensa, bom material gráfico e,
quem sabe, algum anúncio periódico em mídia bem dirigida.
Talvez não dê, apenas,
para pensar em mídia de massa, tipo TV, revistas como a Veja, Jornal
Folha de S. Paulo, etc. Mas dá para fazer muita coisa boa e eficiente.
Jornalista
Com o jornalismo é possível desenvolver o mesmo argumento,
como já ensaiamos na introdução deste artigo. A faculdade
de comunicação é comum aos dois profissionais até
o segundo ano - a teoria é a mesma, só que usada para fins
diferentes. Uma fica ao serviço de quem comunica (publicidade)
e outra fica ao serviço daqueles para quem se comunica (jornalismo).
Um bom jornalista, orientado para Internet, tem condições de fazer excelentes trabalhos. Claro que é preciso reinventar o jornalismo - misturar todas as mídias em uma só, acrescentar interatividade na receita, e, mesmo sendo objetivo, direto, fácil, deve saber lidar com a possibilidade de aprofundar, ao infinito, qualquer tema que pretenda abordar. Usar das imensas oportunidades de comunicação que a Internet proporciona e escrever verdadeiramente em hiper-texto é, certamente, uma arte. Portanto, na hora de contratar alguém para produzir o conteúdo do seu site, procure um jornalista com experiência de Internet, criatividade e mente aberta, disposto a testar coisas absolutamente novas e de resultado incerto. Quem sabe vocês acertam juntos?
É possível ser um bom jornalista sem ser formado (embora a legislação atual não permita)? E ser um bom webwriter? Sem dúvida. Tem muita gente de talento por aí. Mas as chances de se obter um bom trabalho por parte de um bom profissional é bem maior do que arriscar com um iniciante, um amador ou um curioso. Eu não arriscaria. Mesmo com uma verba pequena, é possível encontrar gente de excelente qualidade e boa formação disposta a fazer parte de uma equipe, até mesmo arriscando ganhar menos no início para lucrar mais quando o projeto for vitorioso. Para isso servem as parcerias, permutas, stock options, participações nos resultados, prêmios, etc.